A conciliação de classes sob o mantra de “defesa da democracia”

Em São Paulo, no dia 7 de abril, foi montado um cenário festivo que reuniu os megapelegos da CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, Pública, Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, e Intersindical – Instrumento da Classe Trabalhadora na “Conferência” da Classe Trabalhadora (CONCLAT), com o tema “Emprego, Direitos, Democracia e Vida”. A pelegada ali presente “debateu” a situação dos trabalhadores e apresentou e aprovou a “Pauta da Classe Trabalhadora”, documento onde expõem todas as suas ilusões reformistas e eleitoreiras de transformação do país pela via institucional.

Em seu discurso, o presidente nacional da CUT Sérgio Nobre bradou aos 500 dirigentes sindicais presentes que “[…] daqui até outubro, enfrentar o fascismo nas ruas, recuperar a democracia, eleger Lula à Presidência da República […]”. Ora, o mesmo Lula ficou 8 anos na gerência do velho Estado, seguido por Dilma, e o que de democracia trouxeram ao país? Seguiram sim sendo os carrascos do povo, promovendo matanças no campo e nas favelas (criação da UPP), retirando direitos, enriquecendo banqueiros e megaempresários as custas do suor e sangue dos trabalhadores e entregando de bandeja os recursos naturais do país as potências imperialistas. Em quase catorze anos no poder tudo o que os oportunistas trouxeram foi o agravamento da crise e o ressuscitar da extrema – direita, que hoje disputa com a direita hegemônica no Alto Comando das Forças Armadas a direção do golpe militar contrarrevolucionário preventivo ao inevitável levantamento das massas.

Da mesma forma, bradam “enfrentar o fascismo nas ruas”, quando os oportunistas sabotam qualquer mobilização popular para lutar por seus interesses mais imediatos, manobram para desafogar a ira das massas nas ilusões eleitorais, como tem sido a condução das inúmeras greves que tem estourado país afora, greves combativas que demonstram a enorme disposição de luta do povo, porém transformadas em palanques eleitorais e festividades, minadas até que pereçam por seus sindicatos amarelos. Fazem exatamente o contrário do que afirmam: com sua traição, manchando o sagrado manto vermelho da luta classista, jogam os trabalhadores para o fascismo. O que explica a vitória do fascista Bolsonaro em 2018 senão isso?

O candidato que defendem é o que prestou imensurável serviço aos grandes burgueses, latifundiários e ao sistema financeiro, e que hoje se cala frente a todas as atrocidades e crimes que ocorre com o povo temendo a perda de votos no surrado jogo de cartas marcadas, onde o monopólio de imprensa insiste em polarizar nesses dois campos: Bolsonaro x Luís Inácio. Esse mesmo Luís Inácio foi criado pelas instituições de inteligência do imperialismo ianque, como Instituto Americano de Desenvolvimento do Sindicalismo Livre – IADESIL e Confederação Internacional das Organizações dos Sindicatos Livres – CIOLS. Seu único papel é servir de bombeiro e tentar apagar o fogo da luta de classes, como fez na década de 70 nos levantes operários, com ajuda da igreja católica e de “guerrilheiros” arrependidos, ganhando notoriedade através dos holofotes do monopólio de imprensa, o garoto amigo de Romeu Tuma e apadrinhado pelo general Golbery, que deu a maior força para ele assumir o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Escolado na pelegagem e na bajulação, o pelego-mor usou de sua popularidade, para fazer frente aos verdadeiros revolucionários e acelerou a reestruturação do velho Estado burocrático brasileiro.

Vejamos em medidas concretas como seu governo favoreceu e muito os grandes burgueses e latifundiários, além de todo o sistema financeiro:

-Perseguição e criminalização dos movimentos de luta, com a criação da Força Nacional pelo Decreto nº 5.289/2004, essa Força Nacional que reprime e mata no campo e na cidade, denunciada pelos movimentos populares como GUARDA PRETORIANA;

-Camisa-de-força no movimento sindical brasileiro, atendendo as reivindicações dos megapelegos das centrais sindicais, criando e sancionando a LEI Nº 11.648, de 31 março de 2008 que destina 10% do Imposto Sindical dos trabalhadores às centrais dando origem a um sindicalismo acomodado, que deixou as massas desmobilizadas frentes aos ataques a previdência e as leis trabalhistas;

-Aumento do endividamento das massas populares, com a criação do empréstimo consignado, que rendeu e segue rendendo altos lucros aos bancos;

-Venderem ilusões as massas, com a promessa nunca cumprida de acabar com a fome com o “Fome Zero”; a falsa democratização ao acesso ao ensino superior com o “ProUni” e FIES, privatizando a universidade pública; não acabaram com o famigerado Fator Previdenciário; iludiu as massas do campo dizendo que resolveriam o problema da terra com a Reforma Agrária, porém foi o governo que menos titulou terras e seguiu perseguindo as lideranças camponesas.

Golpe militar contrarrevolucionário em curso

Dentro do movimento sindical e de todo o movimento popular os oportunistas bradam a bandeira de “defesa da democracia”, como se fosse “fascismo x democracia” a principal contradição política da sociedade, expressa na disputa eleitoral onde, de um lado, estaria os defensores da “democracia” e do Estado democrático de direito” – Luís Inácio, toda a sorte de oportunistas com suas espúrias alianças com velhos caciques reacionários como Alckmin e Marina Silva, e de outro, o capitão do mato Bolsonaro e toda sua horda fascista da extrema–direita. Com isso tentam iludir as massas, com o “canto de sereia” dizendo que “há possibilidade de mudança através da eleição, basta eleger o ‘governo’ correto”. Assim escodem das massas o verdadeiro caráter de classe do velho Estado – um Estado de grandes burgueses e latifundiários, serviçais do imperialismo, principalmente ianque.

Os oportunistas, como bons “pescadores de águas turvas” que são, buscam não enxergar o descrédito com toda a velha ordem pelo povo. A repulsa a farsa eleitoral cresce a cada edição, prova cabal são os recordes sucessivos no boicote. Isso somado a crescente rebelião das massas frente a crise que fez desatar o golpe militar contrarrevolucionário preventivo, planificado pelo ACFA junto aos imperialistas ianques e disputado na sua cabeça com a extrema direita de Bolsonaro. Independentemente do resultado das eleições, a marcha golpista continuará e o candidato vencedor (isso se houver de fato eleições, nenhuma possibilidade deve ser descartada) governará enganchado nas baionetas dos generais, aplicando as 3 tarefas reacionárias de salvação do sistema. Ou seja, ganhe quem ganhar, continuará governando no furacão da crise, cada vez mais aguda e com maior intervenção militar, seguirá tirando direitos do povo e maior submissão da nação aos interesses imperialistas, e seguramente se verá lançando toda a violência e terrorismo que só um Estado decrépito e em decomposição é capaz de lançar sobre as massas em rebelião por sua sobrevivência.

Após anos de predominância do caminho da conciliação, as massas se mobilizam de forma independente e forçam seus sindicatos a buscarem novas formas de atuação, após serem desestruturados pela contrarreforma trabalhista. Caminho pavimentado pelo oportunismo ao atrelar suas centrais sindicais ao velho Estado deixando livre o caminho para que a ofensiva contrarrevolucionária pudesse dar duros golpes na classe e nas massas populares, destruindo as leis trabalhistas, a previdência e todos os serviços públicos. Porém, nem só de derrotas vive o povo, com o aprofundar da crise as massas passam por cima dos pelegos encastelados nos sindicatos e se lançam a luta independente, classista e cada vez mais radical pela sobrevivência, por terra e moradia no campo e nas cidades, por um salário justo e melhores condições de trabalho. Enfrentam a repressão do aparato repressivo do velho Estado, sem baixar a cabeça, com isso, elevam cada vez mais sua consciência de que não há outro caminho, a não ser a destruição dessa velha ordem, para sobre seus escombros, as massas organizadas por sua vanguarda, construa uma nova e verdadeira democracia.

A tarefa dos verdadeiros lutadores classistas (democráticos e revolucionários), deve ser o de rechaçar as ilusões eleitorais, combater a grande burguesia, o latifúndio e o imperialismo, inseparavelmente do combate ao oportunismo e ao revisionismo, que pensam apenas em alcançarem seu “lugarzinho ao sol”, e para isso, são capazes de “venderem a própria mãe”. Basta ver a “Pauta da Classe Trabalhadora”, projeto das Centrais conciliadoras e amarelas que se limitam apenas em reivindicarem migalhas! Eis a tarefa central: desmascarar os inimigos do povo e apontar o caminho da luta, classista e combativa, organizar focos de resistências, nos locais de trabalho, moradia, escolas e faculdades, rechaçar a farsa eleitoral, com o boicote ativo e convocar as e mostrá-la “que nada temos a perder, suas correntes!” Devemos mobilizar as massas na luta por suas reivindicações mais elementares: terra, moradia, emprego, salário, saúde, educação, apontemos o caminho de que “Rebelar-se é justo!”. Abaixo a Farsa Eleitoral!

São Paulo 04 de julho de 2022

Coordenação Nacional da Liga Operária

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