USA: 7 mil enfermeiras em greve realizam piquetes e bloqueiam vias

Repercutimos matéria de A Nova Democracia

USA: 7 mil enfermeiras em greve realizam piquetes e bloqueiam vias

No dia 9 de janeiro, ao menos 7 mil enfermeiras declararam greve por melhores condições de trabalho nos dois maiores hospitais de Nova Iorque, no Estados Unidos (USA). A paralisação, planejada desde o final de dezembro, contou com piquetes em frente aos hospitais e bloqueio de avenidas. As trabalhadoras da saúde denunciam baixos salários, longas jornadas de trabalho e falta de funcionários no quadro profissional dos hospitais. Motoristas que passaram em frente ao protesto buzinaram em apoio à mobilização.

A greve foi decretada após dias de negociações entre os magnatas dos hospitais privados Montefiore Mount Sinai e as trabalhadoras de saúde, que negaram as propostas de aumento de 19,1% no salário oferecidos pelos milionários do ramo da saúde. Segundo as trabalhadoras, elas não aceitaram o contrato porque um aumento de 19,1% não resolve a situação da falta de funcionários no hospital.

Uma enfermeira do departamento neurológico do Centro Médico Montefiore entrevistada pelo monopólio de imprensa CNN denunciou que as enfermeiras não têm intervalos e nem pausa para refeições. Ela acrescentou que a falta de funcionários é tanta que a proporção entre funcionários e pacientes está na casa de 6 enfermeiras para cada paciente. No caso do centro neurológico esse problema é agravado pela condição dos pacientes, que estão constantemente confusos ou em estados alterados de mente e necessitam de atenção constante.

Uma outra enfermeira denunciou que nos centros de emergência a proporção é ainda maior. Nesses ambientes, uma única enfermeira pode ficar responsável pelo cuidado de 20 pacientes, situação que oferece grave risco aos internados. Segundo a profissional, o recomendado é que uma enfermeira cuide de, no máximo, três pacientes.

HOSPITAIS TENTAM BOICOTAR GREVE

Os magnatas dos hospitais, intimidados frente à insistência das enfermeiras em lutar, buscaram diversas formas de boicotar a greve das trabalhadoras. O Centro Médico Montefiore difundiu uma nota entre os trabalhadores coagindo-os a sair do sindicato e voltar ao trabalho caso quisessem continuar a “cuidar de seus pacientes”, isto é, manter seu trabalho.

Além das ameaças, ambos os hospitais contrataram enfermeiras sob contratos temporários para substituir as trabalhadoras em greve e forçaram seus funcionários a assumirem outras funções, obrigando, por exemplo, os médicos a assumirem as responsabilidades dos enfermeiros.

ALTO-ESCALÃO DOS HOSPITAIS ACUMULA SALÁRIOS MILIONÁRIOS

Enquanto os magnatas se recusam a contratar novos enfermeiros fixos para o quadro profissional do hospital sob justificativas de “dificuldades na contratação”, os CEOs e outros funcionários do alto-escalão dos hospitais acumulam salários milionários no desempenho de suas funções.

Em 2018, Philip Ozuah, então presidente do Sistema de Saúde Montefiore, recebeu um pagamento de 9 milhões de dólares (R$ 47,6 milhões) como aposentadoria, além de um bônus de 1,6 milhões de dólares (R$ 8,4 milhões) e do seu salário padrão, que na época estava na casa de 2,8 milhões de dólares (R$ 14,8 milhões). Hoje, o magnata Ozuah, que, apesar do pagamento de 2018, não se aposentou, assume a função de presidente e chefe executivo do Centro Médico Montefiore. Em 2020, Ozuah recebia 6,5 milhões de dólares pela função, além de 883 mil dólares em compensações extras (R$ 34,4 milhões e R$ 4,6 milhões, respectivamente).

O caso se repete com diversos outros funcionários: o ex-presidente e chefe executivo do Centro Médico Montefiore, Steven Safyer, recebeu 8 milhões de dólares (R$ 42,3 milhões) no ano de sua aposentadoria. Hoje, o médico recebe em torno de 5 milhões de dólares (R$ 26,9 milhões). Além dele, ao menos outros dez funcionários do Centro Médico Montefiore recebem salários entre 1 e 5 milhões de dólares (R$ 5,3 e R$ 26,9 milhões), segundo informações de 2020.

ENFERMEIRAS SACODEM USA COM GREVES HÁ MAIS DE UM ANO

A recente greve das 7 mil enfermeiras no USA é uma continuação de inúmeras greves que têm sacudido o USA nos últimos anos. Dentre os setores que têm realizado greves, os profissionais de saúde têm se destacado. Com um acúmulo de denúncias de superexploração desde a pandemia de Covid-19, profissionais de saúde do USA realizaram mais de 18 greves em 2022, incluindo a de 700 enfermeiras domésticas na Pennsylvania e a de 6,3 mil profissionais de saúde em Nova Iorque.

Destas 18 mobilizações, os enfermeiros, um dos setores mais explorados dentro dos hospitais, estavam à frente de pelo menos 14, dentre as quais esteve a massiva greve de 15 mil profissionais em 13 hospitais diferentes somente no estado de Minnesota.

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