China: Rebelião operária encurrala policiais e destrói produção

Repercutido de A Nova Democracia

No dia 7 de janeiro, centenas de operários chineses de uma fábrica de testes rápidos para Covid-19 protestaram após a demissão em massa de 8 mil trabalhadores sem aviso prévio e sem remuneração integral. Os manifestantes entraram em confronto com a polícia e destruíram dezenas de caixas repletas dos testes fabricados no local.  O protesto ocorreu no Parque Industrial Jianqiao do Distrito de Dadukou, na cidade de Chongqing, sudoeste do país.

A mobilização foi iniciada após milhares de operários da farmacêutica monopolista Zybio receberem a informação de que seriam demitidos e que não receberiam o pagamento acordado no contrato inicial. Os operários, por sua vez, se recusaram a aceitar a covardia dos magnatas e exigiram o pagamento integral de seus salários.

Vídeos compartilhados na internet mostram caixas, cones de trânsito e cadeiras sendo arremessados pelos operários contra as forças policiais que foram enviadas para reprimir a rebelião.

CRESCE O DESEMPREGO NA CHINA 

Demissões em massa têm ocorrido de maneira cada vez mais frequente em empresas monopolistas chinesas, após anos de desaceleração do crescimento da economia do país, baixas cada vez maiores na produção industrial, uma grave crise latente no setor imobiliário e ameaças cada vez maiores ao setor financeiro chinês, sintomas da crise de decomposição sem precedentes do imperialismo, no geral, e da crise do social-imperialismo chinês, no particular.

No início de 2022, a monopolista Alibaba anunciou a demissão de mais de 13 mil funcionários. Meses depois, a empresa monopolista de internet Tencent demitiu 5,5 mil funcionários ao longo de três meses. Ainda no ano de 2022, a empresa monopolista de educação New Oriental Education anunciou a demissão em massa de 60 mil trabalhadores.

Nesse cenário, o peso da crise chinesa tem sido ainda maior sobre os jovens. Dados apontam que em março de 2022, ao menos 15,3% dos jovens chineses estavam desempregados. Quatro meses depois, a taxa havia atingido 19,2%. Segundo cálculos do monopólio de imprensa CNN, feito com estatísticas do governo chinês sobre a população jovem urbana, isto significa que ao menos 20 milhões de chineses entre 16 e 24 anos estão desempregados somente nas cidades do país, sem incluir as zonas rurais.

MASSAS BUSCAM SOLUÇÃO PARA CRISE POR MEIO DA LUTA POPULAR 

Protestos por reivindicações trabalhistas são comuns na China. Contudo, o que tem se destacado cada vez mais nos últimos meses é o grau crescente de explosividade das rebeliões populares no país.

Há menos de dois meses do protesto do dia 07/01, milhares de operários em uma fábrica de iPhones na província de Zhengzhou enfrentaram tropas policiais, viraram viaturas de cabeça para baixo e destruíram câmeras de vigilância da indústria durante uma rebelião operária por pagamentos integrais e fim do regime de trabalho de “ciclo fechado”.

Unido ao crescimento da explosividade das massas chinesas está o aumento do interesse, sobretudo nos jovens (os mais afetados pela crise), e da nostalgia, entre os mais velhos, pelo período da China Popular (1949-1976) e dos ideais então defendidos pelo Presidente Mao Tsetung, chefatura da Revolução Chinesa e do que fora o Partido Comunista da China, antes do golpe militar contrarrevolucionário de Teng Siaoping. Nos últimos anos, diversos grupos de operários e estudantes foram formados para estudar e propagar as ideias do chefe comunista, mesmo sob forte repressão e censura do Estado social-imperialista chinês. Ainda em 2022, manifestantes denunciaram o atual Partido Comunista Chinês e ergueram cartazes com fotografias de Mao Tsetung. Cartazes do mesmo tipo foram erguidos por estudantes e ativistas durante a greve operária na metalúrgica monopolista Jasic Technology. Além dos estudos, celebrações e manifestações que relembram o Presidente Mao Tsetung, ativistas revolucionários chineses realizaram pichações que denunciam o presidente revisionista Xi Jinping e exaltam o maoísmo.

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