MG: Motoristas de ônibus em greve exigem salário digno

Repercutido de A Nova Democracia

Os motoristas de ônibus de Belo Horizonte iniciaram, a partir da meia noite do dia 16 de janeiro, uma greve exigindo salários dignos e a redução da jornada de trabalho. Os motoristas denunciam que, na capital, eles recebem salário menor que na “Grande BH”, e exigem um aumento de 8,2% para equiparar os salários. Eles também exigem a volta do recebimento do tíquete-alimentação durante as férias (direito que foi cortado), o aumento de 30 minutos no intervalo de repouso e a diminuição da exaustiva jornada de trabalho de 7 horas para 6 horas diárias.

No mesmo dia, a prefeitura da cidade, a serviço da máfia do transporte de Belo Horizonte, moveu tudo à sua disposição para penalizar e criminalizar a greve: entrou com um pedido de tutela de urgência no Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG) exigindo a suspensão da greve ou da paralisação total ou parcial do serviço público de transporte coletivo. Os monopólios do transporte exigem também que o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTR BH) se abstenha de todo e qualquer ato que impeça ou prejudique a prestação do serviço de transporte coletivo e defendem uma multa de R$ 10 mil por linha e por hora em caso de descumprimento destas absurdas medidas, além do imediato retorno dos trabalhadores aos postos de trabalho.

EMPRESAS DE TRANSPORTE RECEBERAM R$237 MILHÕES DA PREFEITURA

Mesmo negando direitos básicos aos motoristas de ônibus – que durante a pandemia da Covid-19 foi a categoria com mais contágios e mortes – e recebendo R$ 237,5 milhões em subsídio garantido até março pela prefeitura de Belo Horizonte, os monopólios do transporte planejam aumentar a tarifa da passagem.

Os monopólios alegam necessidade de “equilíbrio financeiro” diante da greve por aumento salarial e exigiram que “os reajustes salariais concedidos devem ser repassados imediatamente para a tarifa cobrada do usuário”. Entretanto, segundo o próprio acordo firmado entre os monopólios e a prefeitura, não haveria possibilidade de aumento da tarifa, uma vez que o congelamento do preço da passagem era um dos requisitos para o pagamento dos quase R$ 240 milhões em subsídio. Entretanto, não seria a primeira vez em que o velho Estado brasileiro daria aos monopólios privados, de mão beijada, o dinheiro suado do povo pago através de impostos.

Nessa toada, no final de 2022, o prefeito reacionário de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), enviou à Câmara Municipal um projeto de lei em que propõe aumentar em R$ 43 milhões o subsídio público para as empresas de ônibus que realizam o transporte coletivo de passageiros na cidade. Se a proposta for aprovada, o subsídio chegará a R$ 280,5 milhões no período de um ano. O prefeito também quer estender o prazo de vigência do pagamento em um mês, até abril de 2023. Conforme o acordo atual, os repasses terminam em março deste ano. O mais provável é que, mesmo com os subsídios milionários pagos com dinheiro do próprio povo, a tarifa aumente, tudo em nome do superlucro para os monopólios.

MOTORISTAS DE JUIZ DE FORA COMBATEM FIM DOS COBRADORES COM GREVE

Na cidade de Juiz de Fora, também em Minas, motoristas de ônibus e cobradores estão se mobilizando para combater a tentativa de acabar com a profissão dos cobradores. A categoria afirmou que, se necessário, realizará greves e manifestações nas ruas, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte e Trânsito (Sinttro).

O transporte coletivo urbano de Juiz de Fora é atualmente de responsabilidade do Consórcio Via JF, que já acabou com a função de cobrador em pelo menos 20 ônibus. Como consequência da medida que já foi adotada em outras cidades (como o Rio de Janeiro), os motoristas denunciam a sobrecarga e pressão trazidos pelo acúmulo de função – não acompanhadas de um aumento salarial. Já os cobradores sentem diariamente medo de perder seus empregos, caso a medida seja ampliada para mais veículos. Os passageiros, por sua vez, relatam atraso no embarque nos ônibus sem cobrador.

Dois motoristas que dirigem veículos sem a presença do cobrador deram entrevista sobre a situação à Tribuna de Minas, jornal local. Um deles afirma: “cobrador realmente faz muita falta”. “O ônibus é grande. Então, a gente tem dificuldade até de olhar a porta. Se você prender um passageiro na porta, a responsabilidade é sua.” Assim, o motorista considera que o acúmulo de função pode, inclusive, aumentar os riscos de acidente. Ele ainda relata que os motoristas se sentem mais vulneráveis a assaltos e que já ocorreram situações em que tiveram que completar, com dinheiro do próprio bolso, o fechamento do caixa. “Estou sobrecarregado”, demarcou.

Sobre a extinção da profissão do cobrador, o motorista se solidarizou: “Pai de família paga aluguel, paga pensão… É complicada a situação”, contou um deles, a respeito de profissionais que receiam perder o emprego.

Ele ainda afirmou que, para assumir a função de outro profissional, a empresa Consórcio Via JF oferece o mísero acréscimo de R$ 200 no tíquete alimentação.

A categoria dos motoristas de ônibus está entre uma das mais exploradas entre os trabalhadores. A jornada excessiva está entre as principais causas de acidentes com motoristas e a depressão é o principal motivo de afastamento de motoristas de ônibus.

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