Repercutido de A Nova Democracia
A nova onda de tomadas de terras, no campo, e também de greves e manifestações nas cidades, estremece e preocupa a reação. Só no interior da Bahia, o número camponeses mobilizados em tomadas de terras ou pela manutenção da sua posse da terra ultrapassa 9,5 mil (e 15 mil em todo o País), no Vale do Jequiriçá, Santa Cruz de Cabrália, Sento Sé, Correntina, dentre outros. As tomadas realizadas pela Frente Nacional de Luta (FNL) em SP, PR, MS e AL somaram outras 1,4 mil famílias camponesas mobilizadas. Em RO, para aplacar a luta pela terra, o governo estadual recorre ao terrorismo de estado, como demonstrou a chacina antecedida por torturas macabras de dois camponeses da LCP, em Nova Mutum-Paraná, mês passado (diga-se de passagem, chacina que não mereceu a atenção dos “sacerdotes da democracia”, dentro e fora do atual governo; no caso dos monopólios de imprensa, sequer qualquer menção fez ao fato, a exceção da Globo, cujo G1 de Rondônia noticiou policialescamente o acontecido afirmando que “dessa vez, a polícia ganhou dos bandidos”). Já no interior de SP, a polícia prendeu as lideranças camponesas José Rainha e Luciano de Lima, numa raivosa investida vingativa contra as tomadas de terras no Pontal do Paranapanema. Mas não adianta, senhores, podem ladrar: a luta camponesa é imparável.
Em todo o País os professores, das redes municipais e estaduais, levantam-se em protestos e paralisações por impor seu piso salarial nacional; fazem igual os enfermeiros e técnicos de enfermagem, cujo piso salarial está barrado pelo STF há quase seis meses. Em Belo Horizonte, em fevereiro, 100% dos metroviários paralisaram suas atividades contra privatizações e demissões, antecedidos por uma greve dos rodoviários, exigindo reajustes e diminuição da jornada de trabalho.
São fatos distintivos que têm dois aspectos: primeiro, do acúmulo de material inflamável no tecido social; a crise geral do capitalismo burocrático, em recessão e estagnação desde 2015, agravada pela pandemia, lança às piores condições de sobrevivência as massas. O País é, hoje, um barril de pólvora e lenha seca.
Em segundo, tais movimentos revelam a ilegitimidade do governo eleito. Não lhe foi concedido “voto de confiança” algum. Ele será espremido pelas demandas das massas – demandas represadas de todos esses anos –, por um lado, e pelo compromisso que fez com as classes dominantes, de recuperar a estabilidade do regime político e impulsionar o capitalismo burocrático, por outro. O que fará Luiz Inácio? Dará vazão às reivindicações camponesas em sua demagogia, correndo o risco de amargar sua relação com o “agronegócio”?
Está se gestando um grande levante de massas. Esses dois polos vão se confrontar violentamente. Em poucos meses, Luiz Inácio, que finge estar a mediar entre ambos, será apresentado ao seu maior pesadelo!
É questão chave para a luta popular, agora, aprofundar sem cessar as lutas reivindicativas vinculando-as com a consciência de que é necessário ir à luta revolucionária por uma nova sociedade; levantar o protesto popular para desmascarar o governo de coalizão do oportunismo e da direita tradicional e liberar a energia revolucionária das massas populares. Essa é a tarefa.
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