Published at 2016, November 15
O dia 20 de novembro é uma data especial para o povo preto, uma data de reflexão e de resgate a imagem do nosso grande herói Zumbi dos Palmares, um verdadeiro filho da raça negra, que mesmo tendo nascido livre no quilombo dos Palmares, não aceitou a proposta do governador de Pernambuco, preferindo ficar ao lado dos seus.
Zumbi foi aprisionado aos sete anos em uma investida da expedição de Braz de Rocha Cardoso ao quilombo de Palmares e entregue ao missionário português Antônio Melo, que o ensinou a dominar a língua portuguesa, o latim e também a matemática. Zumbi embora vivendo na companhia de um missionário que o tratava como um filho, ele não fugia de suas origens. Quinze anos após ter sido capturado, Zumbi foge e volta para Palmares, onde foi recebido pelos palmarinos de braços abertos.
Zumbi tinha uma ampla visão e logo se colocou a frente de muitas atividades, se destacando muito na arte da guerra e se consagrando como um grande chefe guerreiro na liderança da batalha contra a expedição de Jacome Bezerra e conseguiu o apoio e admiração de todos os vilarejos que compunham Palmares.
Três anos após essa batalha, o governador de Pernambuco chamou os palmarinos para realizar um “acordo de paz”, impondo várias condições, dentre elas a exigência do fim dos combates, a saída da Serra da Barriga, promessa de que os nascidos em Palmares seriam considerados livres e a exigência dos palmarinos não permitir que escravos fugidos não fossem acolhidos.
Mesmo tendo nascido em Palmares e por isso está entre os beneficiados da “liberdade”, Zumbi se levanta contra o “acordo de paz” e conclama os palmarinos à lutar. Dandara sua companheira e grande guerreira, articula junto as diversas tribos de Palmares o apoio e na hora em que Ganga-Zumba chega com o “acordo de paz”, é convocado uma assembleia geral, onde cada tribo iria se colocar a respeito e a proposta de Zumbi é aprovada pela maioria, que mesmo reconhecendo Ganga-Zumba como um grande líder e rei a frente de grandes batalhas, afirmam que ele havia amolecido o coração e estava fraquejando.
O quilombo de Palmares, resistiu por mais de um século a sua principal batalha, foi travada contra a expedição de Domingo Jorge Velho, bandeirante paulista, que era temido, por sua característica brutal. A expedição de Domingos Jorge Velhos, contou com um farto arsenal bélico, inclusive com seis canhões. Mesmo assim, Zumbi e seus guerreiros, resistiram bravamente aos constantes ataques contra Palmares. Em janeiro de 1694 os bandeirantes destruíram Macacos, capital de Palmares, nessa batalha Zumbi saiu ferido e se escondeu na mata.
Antônio Soares, foi capturado e barbaramente torturado e sob a promessa de ganhar a liberdade, entregou o esconderijo de Zumbi, que se encontrava no coração da serra da Barriga, sob os cuidados do jovem Camuanga. Antônio Soares, chegou com os paulistas, tendo Domingos Jorge Velho a frente com seus sanguinários bandeirantes, que cercaram o local e fuzilaram Zumbi com vários disparos. Não contente, Jorge Velho, cortou e salgou a cabeça de Zumbi e a levou para Recife, capital de Pernambuco, onde ficou exposta na praça da Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo, até se decompor. Tal atrocidade, foi para aterrorizar os negros que estavam em guerra contra os senhores de engenho.
Segundo relatos, os palmarinos seguiram lutando por vários anos após o assassinato de Zumbi, liderados por Camuanga, assassinado em 1704, mas seguiram impondo resistência. Os últimos dados da historiografia brasileira, sobre os focos de resistências na região da Serra da Barriga, foram datados do ano de 1797, mas com certeza houveram muitos outros.
Por isso temos de recontar essa história, com uma visão de classe e se valendo do materialismo histórico e dialético, longe de aceitar as argumentações da burguesia e do latifundiário, pois só o povo e massa de empobrecidos pode contar e recontar a sua história. Hoje alguns movimentos negros, ao invés de entender essa valorosa cota de sangue vertida pelos grandes lutadores do povo preto e um grande orgulho da nossa raça negra: Ganga-Zumba (embora tenha fraquejado e negociado o “acordo de paz”, teve um grande papel na formação do quilombo de Palmares), Zumbi, Dandara, Camuanga e muitos outros.
Viva Zumbi dos Palmares e seus guerreiros e guerreiras!