A Liga Operária denúncia e repudia a criminalização da legítima luta do povo ouropretano, encabeçada pelo Comitê Sanitário de Defesa Popular de Ouro Preto, Mariana e Região (CSDP) contra a privatização da água na cidade pela empresa sul-coreana Saneouro/GS Inima. No último dia 27/10 os vereadores Wanderley Rossi Júnior, conhecido como “Kuruzu”/PT, Naércio França Ferreira/Republicanos e Júlio César Ribeiro Gori/PSC proferiram em sessão da Câmara Municipal as mais abjetas calúnias e difamações contra o professor e coordenador do curso de licenciatura em Física da UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto, Marcos Calazans, ativista do Comitê Sanitário, ademais de ameaças veladas e abertas a integridade física e à atividade profissional desse intelectual democrata.
Entendemos esses criminosos ataques como parte da reação desesperada dos setores mais reacionários e oligárquicos de Ouro Preto na vã tentativa de intimidar e se contrapor ao levantamento das massas pobres e estudantis na cidade contra a privatização da água da cidade. Cabe ressaltar que toda essa odiosa campanha contra o legítimo protesto popular ocorre num contexto de agravamento da crise de decomposição do capitalismo burocrático no Brasil – como parte da crise de decomposição do imperialismo – que tem imposto um crescimento sem precedentes na história recente do país da piora das condições de vida das massas populares, implicando em prejuízos e sofrimentos incalculáveis para a população mais pobre de Ouro Preto e aos estudantes da UFOP.
Defendemos que a luta encabeçada pelo Comitê Sanitário em defesa do sagrado direito a água é justa, legítima e necessária. Antes da chegada da empresa estrangeira Saneouro se cobrava uma taxa anual, que oscilava em torno de R$ 264,00 (ou cerca de R$22,00 mensais) enquanto as recentes contas expedidas pela Saneouro variam entre R$300,00 até a absurda quantia de R$5.298,00 mensais. É justa a luta do povo ouropretano pelo seu direito, é justa sua rebelião, por isso tem angariado o apoio de movimentos, entidades e lutadores populares e democratas por todo o país. Nesse sentido, a sórdida manobra do “poder executivo” de Ouro Preto de direcionar seus ataques ao professor Marcos Calazans – unindo siglas da extrema-direita, direita e a falsa “esquerda” eleitoreira – é uma cortina de fumaça para encobrir a cumplicidade desses vereadores e do prefeito Ângelo Osvaldo/PV com a empresa Saneouro.
O povo ouropretano, desde o período colonial, foi protagonista de memoráveis lutas de resistência contra a entrega das riquezas naturais, destacadamente a Conjuração Mineira, iniciada por Felipe dos Santos contra a Lei do Quinto e Tiradentes. Felipe dos Santos foi criminalizado, teve o seu corpo rasgado ao meio e arrastado por mulas pelas ruas da antiga Vila Rica. Tiradentes foi traído, enforcado e teve o seu corpo esquartejado e seus restos mortais exibidos pelo caminho entre Ouro Preto e Rio de Janeiro, enquanto a sua cabeça foi colocada na antiga Praça Santa Quitéria, que hoje recebe o seu nome. Na ocasião, os “políticos” proferiam discursos exaltando Sua Majestade e maldizendo o “traidor” Tiradentes, a canalha à época dizia: que era “um castigo merecido”,“Que isto sirva de lição a outros subversivos que ousarem se voltar contra nossa querida rainha D. Maria I!”
Coincidências? Não nos parece! Já que nossos inimigos de classe a cada justa ação do povo ameaçam e intimidam as massas e perseguem suas lideranças. Os discursos raivosos e cheios de ódio proferidos pelos vereadores Kruzu (PT), Naércio (Republicanos) e Gori (PSC) são uma clara reação aos resultados alcançados pelo povo sob a direção do Comitê Sanitário, um dia após o prefeito Ângelo Oswaldo/PV publicar no Diário Oficial de Ouro Preto a “Publicação nº 3040”, que estabelece 10 dias úteis para que a Saneouro se pronuncie “sobre as hipóteses de Extinção da Concessão Pública”.
A ocupação da prefeitura no dia 19/10, quando o povo deixou na mesa do auditório as contas absurdas emitidas pela Saneouro, e a manifestação do dia 26/10 são demonstrações das vitórias alcançadas pela luta popular e das derrotas sofridas pelos políticos capachos e a Saneouro. Na manifestação do dia 26/10, representantes de “movimentos sociais” ligados à falsa esquerda eleitoreira, usando dos mesmos expedientes fascistas que julgam combater, chegaram mesmo a tentar intimidar e criminalizar ativistas do CSDP presentes, no que foram rechaçados pelas massas. Esses protestos, assim como as sucessivas batalhas travadas faz mais de um ano por centenas de moradores das comunidades e bairros pobres de Ouro Preto, são demonstração cristalina da disposição de luta e crescente consciência política das massas acerca de questões cruciais como: quem são seus verdadeiros amigos e inimigos? Por esse motivo, fazem tremer de medo e ódio desde os representantes da extrema-direita declarada até os demagogos da falsa “esquerda” eleitoreira, todos eles aliados da Saneouro e sabujos das oligarquias reacionárias locais, como ficou explícito em suas tentativas de iludirem povo para desmobilizar sua luta por meio de artifícios como “referendos” e outros tipos de “consultas populares”, manobras devidamente denunciadas pelo Comitê Sanitário de Defesa Popular e rechaçadas pelo povo ouropretano que não caiu em mais esse “canto da sereia”.
A Liga Operária convoca todos os autênticos movimentos e entidades populares, lutadores e intelectuais em defesa dos interesses do povo e democratas se somarem à campanha contra a criminalização da luta do povo de Ouro Preto contra a privatização da água, do Comitê Sanitário de Defesa Popular e do professor da UFOP, Marcos Calazans. A água é um direito inalienável e sua privatização pela empresa imperialista sul-coreana Saneouro é mais um crime contra o povo que não iremos aceitar! O desespero desses vassalos e arautos do imperialismo é a mais evidente comprovação de que o povo está próximo de seu objetivo. É como dizia uma manchete no início dos anos 90 durante a campanha pelo impeachment de Collor: “O grito do porco é o medo do abate!”
Todo apoio a justa resistência popular em Ouro Preto!
Fora Saneouro, a água é do povo!
Rebelar-se é justo!
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