A resistência operária na CSN em Volta Redonda

De início uma greve com reinvindicações econômicas para uma categoria de operários, iniciada em 07 de novembro de 1988, porém o desdobrar da greve toma impulsos e supera os limites de uma mera luta econômica. Na época o país encontrava-se em uma encruzilhada e uma inflação de 993,28% ao ano de acordo com o Índice oficial de inflação. O desemprego a recessão e uma organização operária concentrada, nas principais empresas, ainda mais se tratando dos metalúrgicos, que vieram seguindo as formas de organizações internas das fábricas, após lições adquiridas nos anos de chumbo.

Os operários da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN*, prepararam a pauta de reivindicações, exigindo melhorias, reposição das perdas, com base no cálculo do índice do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, que os sindicalista usavam da época, usavam, por ser uma base mais justa. Para se ter uma ideia, de acordo com o DIEESE o Salário Mínimo de outubro de 2021, teria que ser de R$ 5.886,50, quando o praticado é de R$ 1.100 (5,35 vezes menor). Além da justa reivindicação salarial, as reivindicações eram por estabilidade no emprego, jornada de trabalho de 40 horas semanais, readmissão dos demitidos em 1987, isonomia salarial, instauração de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) eleita pelos trabalhadores, reconhecimento dos representantes sindicais, fim da perseguição à atividade sindical e divulgação do Sistema de Cargos e Salários da empresa.

O então presidente do país era o senhor feudal do Maranhão José Sarney, que assumido após a morte de Tancredo Neves em 1985. A greve causa um impasse e o senhor feudal José Sarney, toma a decisão de enviar as tropas do Exército Brasileiro, culminando na invasão da usina pelas tropas repressivas, apoiadas por quatro carros blindados e a tropa de choque da Polícia Militar, armados até os dentes e com a decisão de atirar, o resultado foram mais de 30 operários feridos e três jovens operários, foram covardemente assassinados pela tropa repressiva do velho Estado burocrático-latifundiário, serviçal do imperialismo, principalmente ianque, foram eles: William Fernandes Leite, morreu com tiro de metralhadora no pescoço, ele tinha apenas 22 anos; Valmir Freitas Monteiro, também com tiros de metralhador, covardemente pelas costas, ele tinha 27 anos; e o mais jovem, com apenas 19 anos Carlos Augusto Barroso, que teve seu crânio esmagado pelos verdugos militares.

Longe de apagar a chama acesa em 7 de novembro, a tentativa de forçar uma debandada dos operários e assim, acabar com a greve, a covardia das tropas, elevaram ainda mais o ânimo das massas e o espírito classista, dos operários em luta e da solidariedade de classes por todo o país e até solidariedade internacional. A greve, após conquistar as reivindicações dos operários, teve fim em 23 de novembro, após uma assembleia geral. Ela reabriu as feridas recentes do regime militar fascista, que perdurou no país de 1964 a 1985 e a milicada antioperária e antipovo, despejaram todo seu ódio, para servir os poderosos e só não assassinou mais pessoas, devido a resistência heroica dos operários e a corrente de solidariedade à luta.

A repercussão foi tanta, que o serviçal ministro da Indústria e Comércio, Roberto Cardoso Alves, chegou a ameaçar fechar a usina. A população de Volta Redonda e milhares de ativistas e apoiadores, deram um abraço simbólico em torno dos 12km da CSN no dia 22 de novembro, deixando claro a decisão de defender a então Companhia Siderúrgica Nacional. Essa greve, jamais deve ser esquecida pela classe operária, pois foi uma greve econômica, mas também de resistência nacional, pois foi a primeira resistência operária após a Constituinte de 1988. A grande demonstração de resistência e decisão das massas- por ainda não ter uma clareza nos fatos e principalmente, uma vanguarda, que dominasse com destreza as contradições da época, as “lideranças” que apoiaram a luta dos metalúrgicos, canalizaram a revolta popular para as urnas, para galgarem postos nas máquinas burocráticas do velho Estado. Prova disso, foi a eleição do então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda Juarez Antunes, a prefeito de volta Redonda, eleito ainda durante a greve em 15 de novembro (morto em “acidente” de carro em Felixlândia MG no dia 21 de fevereiro de 1989, após 51 dias de sua posse), Dom Waldyr Calheiros Novaes, acreditava que ele havia sido vítima de um atentado.

Após o ocorrido, houve uma reviravolta política no cenário nacional, onde onde os oportunistas galgaram os cargos de prefeitos e vereadores, pois tidos como de “esquerda” as massas, acreditaram, que eles dariam continuidade a luta. A principal cidade: São Paulo com Luiza Erundina – PT X Paulo Maluf – PDS, tem uma virada na véspera da eleição com a renúncia do candidato do Aírton Soares – PDT, que apoiou abertamente a petista. Erundina havia se destacado na luta por moradia na Zona Leste de São Paulo, na luta em defesa dos Servidores Estaduais onde foi agredida pela Polícia Militar em 1987, nessa mesma onda se elegeram: em Campinas SP Jacó Bittar, em Ipatinga MG Chico Ferramenta e Olívio Dutra em Porto Alegre. Nessa época, muitos sindicatos foram retomados pelos trabalhadores, pondo fim a intervenção direta do Estado, inclusive os operários da construção civil de Belo Horizonte, foi retomado pelo grupo Marreta, no dia 30 de novembro de 1988.

A luta pela autodeterminação das massas – a qual temos que nos mirar, é tomada de grandes sacrifícios, erros e acertos e por isso, temos que buscar na História, os acertos e a real necessidade das massas, para nos organizar, nos locais de trabalho, nos bairros, vilas, favelas, escolas e universidades, de forma classista e combativa, para nos levantar com decisão em Greve Geral de Resistência Nacional. Os classista e combativa. Os oportunistas dessa época, assim como os dos grandes levantes operários do final da década de 70, desviaram as massas do seu curso e por isso, temos que romper a ilusão nesse parlamento e no velho e podre Estado burocrático-latifundiário, serviçal do imperialismo, principalmente ianque (Estados Unidos).

As massas havidas de conhecimento e no despertar de sua consciência de classe, conseguem perceber quem é seu amigo e quem é seu inimigo e de forma silenciosa, dão os seus passos cada vez mais firmes e decididos. Na riqueza forjada na luta, mais cedo que tarde, se colocará em movimento e com toda certeza, varrerá de sua frente, todos os que se colocarem contra ela. Durante essa longa jornada, já experimentou vários caminhos, mas com certeza, ao se encontrar no verdadeiro caminho, não mais o abandonará e que tremam os reacionários e oportunistas de plantões, que sob o auxílio dos revisionistas, tentam falsear esse glorioso caminho. Em massas em 1988 que foram às urnas, votar nos candidatos, que elas achavam que representavam suas aspirações de resistência, mas hoje, após os acontecimentos, estão desiludidas e sem perspectivas, mas não nos enganemos, pois: são as massas que decidem tudo.

Por tanto, é tarefa dos progressistas, classistas e revolucionários, ampliarem suas organizações de forma escondida, longe dos puxa-saco e dedos-duros, para nos resguardar. Não podemos de forma alguma, nos desanimar, pois o sangue de companheiros, como Orocílio, Guido Leão e Santos Dias, heróis dos levantes operários de 1979 e dos companheiros: Willian, Valmir e Carlos Augusto e de vários camponeses como Renato, Cleomar, Luiz Lopes, Gedeon e Rafael, segue germinando a nossa luta. Os que contrabandeiam a história, estão sendo desmascarados e mais cedo que tarde, as massas vão se levantarem para varrer do seu meio os traidores e conciliadores. Se os grandes burgueses e latifundiários a serviço do imperialismo, principalmente ianque, pensam que vão afogar a nossa luta com sangue, enganam-se!

Viva e heroica resistência dos operários na CSN!

Abaixo a capitulação e traição!

Construir o caminho classista e combativo!

 

* A CSN, foi construída em 1941, porém inaugurada em 1946, pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, sem a presença do seu criador, que havia perdido a presidência do país. Em 1961 a Usina passa a ser chamada de Usina Presidente Vargas (UPV). A CSN foi a primeira produtora integrada de aços planos no Brasil, um marco no processo brasileiro de industrialização. O seu aço viabilizou a implantação das primeiras indústrias nacionais, núcleo do atual parque fabril brasileiro. Embora tenha alavancado a industrialização do país, também selou o pacto entre do governo brasileiro com o imperialismo ianque. Após sua privatização nos anos 90,passou a pertencer ao carioca Benjamin Steinbruch (administrador, banqueiro e empresário brasileiro), o mesmo que liderou o grupo que arrematou a Companhia Vale do Rio Doce – Hoje Vale S.A., segue atendendo os ditames do imperialismo, servindo apenas a seus interesses escusos.

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